Estou a ler "Olhos nos Olhos" de Júlio Machado Vaz, livro de "histórias de sexo e vida", como o próprio autor o descreve. Gosto bastante do estilo do Júlio, apesar da sua escrita sobre adjectivada por vezes não se compadecer com alguém que apenas consegue ler cinco minutos já com um olho meio aberto e o outro meio fechado, à noite, antes de dormir, e faça com que tenha constantemente que voltar atrás para reler a frase e não lhe perder o fio à meada. Não lhe atribuo a culpa, mas sim ao meu sono a essa altura do dia. Gosto muito do sentido de humor com que impregna os seus textos assim como o seu habitual discurso.
Mas com a leitura de um destes contos, tropecei nesta frase que me fez parar para reflectir:
"As mulheres com senso de humor afiado costumam tornar-se azedas com o passar dos anos (...)". Será? Lembro-me, em pequena, de ser conhecida por ter um senso crítico e de humor aguçados. É um facto que por vezes fico amarga, e uso da ironia para caricaturar algumas situações que me revoltam. O Júlio, no livro, desvia o assunto e não conclui o porquê, segundo ele, desta constatação. Desafio-vos a reflectir comigo sobre este tema e digam-me as vossas opiniões, pode ser? Obrigada!
Será esse "aguçamento" sinal de que se é mais atento, observador da realidade que nos rodeia? E será esse um atestado de inevitável "amargura" com o decorrer dos anos? Será que constatamos que não há grande esperança na humanidade e isso nos aterroriza transformando esse terror em amargura? Terá aqui algo de anti-social? Eu acho sinceramente que a humanidade está a mudar, em todos os sentidos (mentalidades, comportamentos, percepções...). Mas às vezes sinto-me amarga... e não gosto.
Fico então à espera das vossas opiniões.
I am reading "Olhos nos Olhos" (Eye to Eye) by Júlio Machado Vaz, a book of "stories of sex and life," as the author himself describes it. I really like the style of Júlio, despite the way it is written with so many adjectives that sometimes do not sympathize with someone who can only read five minutes with one eye half open and the other half closed, at night, before going to sleep, and have to go back to reread the sentence and not to lose the thread. I do not blame him, but I blame my sleep at this time of day. I love the sense of humor that pervades his writings as well as his usual speech.
But with the reading of these stories, I stumbled on this phrase that made me pause for think:
"Women with sharp sense of humor tend to become bitter over the years (...)". Really? I remember, when I was little, to be known for having a critical and sharp sense of humor. It is a fact that sometimes I'm bitter, and use of irony to caricature some situations that I don't like. In the book, Júlio deviates from the subject and does not conclude why he said this. I challenge you to reflect with me on this sibject and tell me your opinion, OK? Thanks!
Is this "sharpness" a sign that one is more attentive, observer of the reality around us? And is that a certificate of inevitable "bitterness" over the course of the years? Will we see that there isn't great hope in humanity and that terrifies us turning this terror in bitterness? Is here something anti-social? I sincerely think that humanity is changing in every way (attitudes, behaviors, perceptions...). But sometimes I feel bitter... and do not like it.
So, I am waiting for your opinion.