A propósito de pinturas e do post anterior, mostro-vos mais em pormenor este banco que comecei a pintar há muitos anos atrás.
Foi numa altura em que andava particularmente emersa em artes e artesanatos. Tinha terminado o 12º ano escolar; ainda vinha cheia de ideias artísticas incitada pelas aulas de desenho, história de arte e geometria descritiva; respirava inspiração das muitas exposições de arte que visitava na altura; estava de férias; cheia de vontade de dar uso às tintas e pincéis; experimentar as mais variadas técnicas e artes; fotografar; pintar; desenhar; tinha acabado de mudar de casa; ainda não conhecia muita gente no sítio novo e tinha todo o tempo do mundo para criar, inventar, praticar... Enfim, é o que eu quero voltar a fazer quando for mais crescida e puder acordar de manhã com o único propósito de dar largas à imaginação.
Então, entre muitas outras experiências, surgiu este banco velhote, que andava esquecido no fundo da arrecadação.
Deitei mãos à obra, desenhei-o e comecei a pintá-lo.
Entretanto, chegaram uns tios meus de França, num verão muito quente, para nos revermos e matarmos as tão longas saudades. Adorei recebê-los, como sempre. Gosto muito de estar com eles. Mas, certo dia, aliás tarde de muito calor messssmmmoooo, e depois de uma manhã inteira na praia, a tarde pedia repouso ao fresco a ver alguns vídeos caseiros e familiares, na penumbra causada pelas persianas descidas só com os buraquinhos abertos. O tio, a transpirar por todos os poros que tinha e pelos que não tinha também, aposto, recusou sentar-se no sofá que se adivinhava mais quente do que o banquinho velhinho em que não precisaria recostar-se. Quando me apercebi já era demasiado tarde, e ele já estava sentado no meu WIP (expressão que agora conheço graças à minha querida Cassildinha) que estava pintado com o único verde perfeito que eu tinha à mão naqueles dias e que, ao contrário das outras tintas que eu estava a usar, não era permanente e prontamente desbotou. Além de ter esborratado de verde os calções castanhos claros do tio, também esborratou e manchou permanentemente grande parte do tampo do meu banquinho lindo e inacabado.
Não imaginam a aflição e desgosto que isto me causou na altura! São coisas da idade. Valorizam-se exageradamente coisas que noutras alturas percebemos que afinal não são assim tão importantes. Mas, o facto é que desmotivei-me de tal ordem que não mais voltei a concluir o trabalho. Ainda arregacei as mangas algumas vezes, bastante tempo depois, devo dizer, porque antes disso não tinha sequer coragem para olhar o meu banco de frente. Limpei-o o melhor que consegui, retoquei o amarelo, que por ser a cor mais clara era também a mais afectada, mas não consegui disfarçar totalmente as manchas verdes. Resultado: desisti do o terminar.
Há algum tempo, redescobri-o na cave da casa do meu pai, a M. viu-o e achou-lhe a maior das graças. Quis trazê-lo connosco e cá está ele. Agora uso-o assim mesmo, inacabado. Gosto muito dele. Já não se me aperta o coração só de o olhar. Já convivemos pacificamente. E quem sabe um dia o termino enfim.
4 comentários:
Olá Madrinha...
Que banco mais amoroso :) mesmo inacabado... LINDO!
Espero que esteja tudo bem contigo minha linda... não te esqueças de avisar qd a menina nascer! :)
Deixei um desafio no meu cantinho... beijokas
Olha que história mais gira, com humor e dissabores (ultrapassados) à mistura!
E aí está o banco... lindo e a sorrir!
Que lindo!
Acho que devias terminá-lo. Tenho um parecido cá em casa, que era dos meus pais.
Depois mostra fotografias, se o terminares!
Olha que devias terminá-lo. Está muito bonito. E vale a pena recuperar as coisas que nos trazem recordações :)
Beijinhos*
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